sábado, 10 de janeiro de 2009

Carmina Burana - Estuans Interius

Estuans interius
ira vehementi
in amaritudine
loquor mee menti:
factus de materia,
cinis elementi
similis sum folio,
de quo ludunt venti.

Cum sit enim proprium
viro sapienti
supra petram ponere
sedem fundamenti,
stultus ego comparor
fluvio labenti,
sub eodem tramite
nunquam permanenti.

Feror ego veluti
sine nauta navis,
ut per vias aeris
vaga fertur avis;
non me tenent vincula,
non me tenet clavis,
quero mihi similes
et adiungor pravis.

Mihi cordis gravitas
res videtur gravis;
iocis est amabilis
dulciorque favis;
quicquid Venus imperat,
labor est suavis,
que nunquam in cordibus
habitat ignavis.

Via lata gradior
more iuventutis,
inplicor et vitiis
immemor virtutis,
voluptatis avidus
magis quam salutis,
mortuus in anima
curam gero cutis.

Queimando por dentro
com ira veemente,
com amargura
digo a mim mesmo:
feito de matéria,
cinza dos elementos,
sou como uma folha
com a qual brincam os ventos.

Pois se é próprio
do homem sábio
constuir sobre pedra
as fundações,
eu, tolo, me comparo
ao rio corrente,
que sob o mesmo curso
nunca permanece.

Sou levado embora
como um navio sem timoneiro,
assim como pelos caminhos do ar
um pássaro é levado sem rumo;
correntes não me seguram,
chave não me segura,
procuro pelos meus semelhantes
e me junto aos perversos.

O peso do coração
me parece um fardo;
a diversão é prazerosa
e mais doce que um favo de mel;
tudo o que Vênus ordena
é trabalho suave,
e nunca mora
em corações (ignavis?).

Percorro caminhos largos
à maneira da juventude,
Estou metido em vícios
e esquecido da virtude,
ávido pela voluptuosidade
mais do que pela saúde,
morto na alma,
cuido do meu corpo.

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