quarta-feira, 20 de julho de 2011

Soneto a Uma Senhora – Basílio da Gama

Soneto a Uma Senhora - Sol Serenat Omnia

Já, Marfisa cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Qu’inda te espero ver, por causa delas,
Arrependida de ter sido ingrata.

Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças d’oiro converter-se em prata.

Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos,
Porque me negas hoje esta ventura?

Guarda para seu tempo os desenganos;
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco, a flor dos anos.



Basílio da Gama
  

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